Histórico da Paróquia

1- INÍCIO DA EVANGELIZAÇÃO EM CAMETÁ
1.1- CHEGADA DOS PRIMEIROS MISSIONÁRIOS
A história do catolicismo em Cametá se dá com o início da colonização nestas terras do Tocantins, por volta de 1625, com a chegada dos primeiros portugueses. Há registros de ter tido a presença de frades Capuchinhos de Santo Antônio nesta terra já no ano de 1617, vindos provavelmente de Belém (recém fundada) ou São Luís. Na localidade de Cametá Tapera viviam os índios Camutás. Neste lugar, estes frades constróem uma Ermida (pequena capela e um pequeno convento), e tinham como objetivo catequizar os “nativos” ou fazer o que se chamava de aldeamento. Mais tarde vieram alguns frades carmelitas. Trata- se apenas de uma passagem.
Em 1635 já é reconhecida uma Vila em Cametá Tapera, sendo transferida posteriormente para a atual Cametá em 1713. Já nesta época, há um projeto em construir uma vila maior (cidade), por verem em Cametá um local estratégico para a expansão colonialista na Amazônia. A presença de portugueses nesta época já era de um número significante.
A idéia que se tem é que primeiro chegaram os missionários e depois vieram os colonizadores, no caso os portugueses. Depois da vinda destes primeiros missionários e com a transferência da vila para atual Cametá, vieram os padres jesuítas, ficando na região até a expulsão da Companhia do Brasil por Marquês de Pombal nos anos de 1767. Passaram por Cametá também os padres mercedários. A construção da Catedral São João Batista é atribuída a estes padres. Passaram também em Cametá padres diocesanos vindos de Belém. Faz parte da história da Igreja em Cametá Pe. Prudêncio, conhecido pelo combate ao movimento cabano. Pe. Prudêncio foi pároco em Cametá por um grande período no decorrer do século XIX. Há outras figuras consideradas notáveis e que marcam a história de Cametá como os bispos cametaenses Dom Romualdo Coelho e Dom Romualdo de Seixas.
1.2- DEVOÇÃO A SÃO JOÃO BATISTA
São João Batista é padroeiro de Cametá e padroeiro da Paróquia. A devoção a São João foi trazida palas primeiras famílias portuguesas que aqui chegaram. Antes da construção da atual Igreja Matriz - ano 1757 (Catedral - foto ao lado), existia uma capela dedicada a São João. São João Batista faz parte da história de Cametá e da vida religiosa do povo. A festa de São João é uma festa tradicional, celebrada nos dias 14 a 24 de junho conforme testemunho das pessoas mais idosas. “É do tempo de nossos avós”, falam as pessoas. Evidentemente vem de anos anteriores.
A atual imagem de São João Batista que está na Catedral, veio da França e foi doada para Cametá por Dom Pedro II na metade do século XIX.
Há outra devoções em Cametá, sendo as mais conhecidas: São Benedito, Nossa Senhora das Mercês, Nossa Senhora do Socorro, Nossa Senhora do Pilar, Nossa Senhora do Carmo, Santíssima Trindade. Muitas Comunidades celebram as suas devoções ou os seus santos padroeiros.
1.3- CAMETÁ É CIDADE
Cametá é reconhecida cidade em 1848. Não se tem a data precisa da criação da Paróquia em Cametá, mas antes 1848 já havia uma igreja organizada em Paróquia, uma estrutura de igreja com padres, missas etc, com uma catequese nos moldes do Concílio de Trento. Basta ver a arquitetura da atual Catedral com data de 1757. Trata-se da Paróquia mais antiga da região, por ser também a cidade mais antiga. O catolicismo em Cametá é o catolicismo devocional ou popular, baseado nas devoções aos santos.
1.4- CATOLICISMO POPULAR DEVOCIONAL
Faz parte deste catolicismo devocional ou popular as organizações das irmandades. As irmandades eram uma organização formada de leigos, por um grupo de famílias com o objetivo de viverem a fé a seu modo e para fazer a festa do santo. No início de 1800 já havia pelo interior de Cametá algumas irmandades. Ex: a Irmandade da Santíssima Trindade de Jaituba de 1813. Pode citar como exemplo também a festa do Pilar em Curuçambaba nos fins de 1890, com mais de 100 anos, e outras irmandades antigas nas localidades de Cuxipiari, Paruru e outros lugares. Na cidade, tem como exemplo a irmandade de São Benedito. A Igreja de São Benedito, contando com a primeira Capela, é do início do século XIX. Há outras antigas irmandades. Em torno de uma irmandade e de uma capela, as pessoas se reuniam para celebrar (festejar) seus santos e para as suas devoções. Era o encontro das pessoas. Aí acontecia também a presença de padres através das chamadas desobrigas. Posteriormente, estas irmandades serão a base para as Comunidades Cristãs.
O catolicismo devocional e popular é essencialmente dos leigos. Mesmo com a existência de uma hierarquia na irmandade ou a divisão de classe- irmandade dos negros e irmandade dos brancos- as pessoas podiam ter uma certa liberdade para expressar a sua religiosidade.
Cabe registrar também a existência do Apostolado de oração, com 109 anos de existência em Cametá, e uma antiga Conferência Vicentina. Esta parou de funcionar há mais de 40 anos. Existe uma nova Conferência atualmente que foi fundada nos anos 80.
A Paróquia São João Batista compreendia grande parte da Região Tocantina. Mesmo com criação das paróquias de Baião e Mocajuba, estes lugares eram atendidos pelo padre de Cametá. Quando em 1936 os padres lazaristas vieram para Cametá (Pe. Fernando van Dijk e Pe. Thiago Van Rijn), assumiram juntamente com a Paróquia de Cametá as Paróquias de Mocajuba e Baião conforme registro na ata de posse. Depois são designados padres para estas Paróquias.
2- A IGREJA EM CAMETÁ COM A CHEGADA DOS PADRES LAZARISTAS
2.1- CAMETÁ ANTES DOS PADRES LAZARISTAS

A Paróquia de Cametá, mesmo sendo a Paróquia mais antiga da região, de acordo com os registros, tinha dificuldade com a presença de padres. Era um padre para atender uma grande extensão territorial, sendo que alguns padres de Cametá atendiam também as Paróquias de Mocajuba e Baião. Antes da chegada dos padres lazaristas, trabalhavam em Cametá padres diocesanos de Belém. O livro de tombos da Paróquia São João Batista registra dos padres residentes que trabalharam na Paróquia a partir de 1900, a saber: Pe. Enéas de Jesus Soares de Lima- 1905; Pe. Abdon Odilon Lima- 1907; Pe. Antônio Lobato- 1909; Pe. Godofredo- 1912; Pe. Domingos de Aguiar- 1913; Pe. Manoel da Assunção Pereira de 1913 a 1933 e Cônego Antônio Lobato de 1933 a 35. Estes são os padres que aqui trabalharam antes dos padres holandeses.
2.2- PADRES LAZARISTAS DA HOLANDA
Em 1936 foi assinado um contrato entre a Diocese de Belém do Pará e a Congregação da Missão confiando a Paróquia de Cametá aos padres lazaristas, incluindo nesta época Mocajuba e Baião. A Paróquia de Baião se estendia até Jacundá e Itupiranga, passando por Alcobaça, hoje Tucuruí. Os primeiros padres lazaristas (holandeses) a chegar foram Pe. Fernando van Dijk, Pe. Thiago van Rijn e Geraldo Pater. Em 1937 chega Pe. Roberto Pladet e em 1938 Pe. Pedro Hermans. Pe. Cornélio Veerman e Pe. Thiago Poels chegaram em Cametá no ano de 1941, juntamente com as primeiras irmãs vicentinas. Há uma lista de padres que vieram posteriormente, todos passando por Cametá: Pe. Teodoro Kroes, Pe. João Alberto Hermans, Pe. Pedro Smeets, Henrique Roemslag, Pedro Nota, Bernardo Gales, Adriano Naalden, Assis Beckers, Paulo Hos, João Boonekamp, Martinho Reinders, Arnoldo Konings, Geraldo Paridaen, Geraldo Gommers, Jaime Kriek, Lino van Lin, Adriano vander Heiden, André Rombouts, Afonso de Vree, Geraldo Frencken. Todos são holandeses.
A história da Igreja em Cametá pode ser dividida em 2 partes: do início até a chegada dos padres lazaristas; dos padres lazaristas em diante. Antes dos padres lazaristas, temos uma Igreja mais devocional, com as irmandades etc. A presença de padres é menor. Depois com os padres lazaristas, temos uma Igreja com mais organização, com presença maior de padres, uma preocupação com a formação do povo e a catequese. Em 1937 já eram realizados cursos de catecismo para pessoas adultas. No registro fala em “curso de catecismo para os homens”. Em 1936 acontece uma Santa Missão em Cametá, “pregada pelo superior dos padres lazaristas” Pe. Guilherme Vaessen. É desta época os grupos de Cruzada Eucarística e filhas de Maria. Houve também uma preocupação em prestar serviços ao povo através das obras- educação e saúde. As irmãs vicentinas chegaram aqui com esta preocupação. A fundação do INSA é de 1942. Posteriormente foi construído o Hospital de Cametá.
Pode assim dizer que os padres lazaristas criam as condições para a instalação da Prelazia em 1952. Portanto, a criação da Prelazia é do segundo momento da vida da Igreja em Cametá.
2.3- CRIAÇÃO DA PRELAZIA DE CAMETÁ
A criação da Prelazia de Cametá em 1952 é recebida com alegria pelo povo de Cametá. A instalação da nova Prelazia, conforme registro no livro de tombo, acontece no dia 09 de março de 1953, na Igreja São João Batista, com a “igreja repleta, onde o povo ouviu a carta do Papa Pio XII criando a Prelazia”. Estava presente nesta data o padre Tiago Way, delegado do Bispo de Belém, Dom Mário Villas Boas, admistrador diocesano da nova Prelazia. O vigário de Cametá, Pe. Cornélio Veerman foi nomeado vigário geral.
Cametá, por ser sede da recém criada Prelazia, teve papel importante na sua organização, mas teve também grandes benefícios. São da Paróquia São João Batista as primeiras CCs organizadas na Prelazia. É uma Paróquia que teve grande apoio pastoral por parte da Prelazia. Por aqui começou o movimento de renovação trazido pelo Concílio Vaticano II. Aqui foram formadas as primeiras equipes de catequese, pastoral da saúde, círculos bíblicos etc. Os cursos de formação promovidos pala Prelazia trouxeram um bem imenso para a Paróquia, cuja participação nestes curso era de grande interesse das pessoas. Os chamados cursos de liderança promovidos nas Paróquias foram um grande espaço de formação de nosso povo, seja para atuarem na pastoral ou no movimento social. A pastoral mais na linha libertadora foi trabalhada na Paróquia. Houve evidentemente dificuldades com as mudanças, falta de compreensão em relação à nova linha de trabalho. Mas, se se pode considerar a Igreja como agente de formação, a Igreja em Cametá tem um papel fundamental na conscientização do povo através das CCs, das pastorais e dos diversos cursos de formação. 
3- A CAMINHADA PASTORAL DA PARÓQUIA HOJE
3.1- O TRABALHO DE PADRES, IRMÃS E LEIGOS

Atualmente, a Paróquia de São João Batista conta com uma boa organização, graças ao empenho e esforço de padres e outras pessoas que por aqui passaram, doando praticamente a vida nesta terra. Como exemplo, além dos padres já citados anteriormente, pode-se falar de Pe. José Favacho, Pe. Leônides e os padres mais recentes que ainda estão na Prelazia. Pe. Geraldo Paridaen está em Cametá desde de 1967. As irmãs vicentinas tiveram um papel importante não só no trabalho de educação e saúde, mas também no trabalho de evangelização, levando a catequese inclusive para o interior. Há também a presença de uma centena de leigos e leigas que se dedicaram ao trabalho nesta região, sendo que alguns ainda continuam presentes. São os catequistas nos tempos mais antigos e os animadores nos tempos mais recentes. Como exemplo, pode-se citar as senhoras Elízia e Santa Santos que como professoras e catequistas deixaram marcas na formação religiosa do povo. Pessoas como Mário Veiga, Francisco Progênio e outros foram grandes organizadores e animadores de Comunidades no interior.
3.2- PARÓQUIA DE CARAPAJÓ E LIMOEIRO DO AJURU
Nos anos de 60 até 1999, a Área de Carapajó teve a presença de padres residentes como Pe. Paulo, Pe. Assis e Pe. João Boonekamp, sendo que Pe. João ficou em Carapajó de 1964 a 1999. A Área de Carapajó era considerada Paróquia Nossa Senhora do Carmo, hoje Área Pastoral São Vicente, integrada à Paróquia São João Batista.
Até agosto de 2001, o município de Limoeiro do Ajuru pertencia à Paróquia São João Batista. Depois de uma caminhada como área pastoral, tornou-se Paróquia Imaculada Conceição.
3.3- PADRES DIOCESANOS
A Paróquia São João Batista ficou sob a responsabilidade dos padres lazaristas- da Congregação da Missão até o ano 1995. Com a doença e volta do último pároco para Portugal, Pe. Leônides de Oliveira Marinho, a Paróquia foi entregue aos padres diocesanos, tendo como pároco o Pe. José Geraldo de Melo, que foi empossado no dia 03 de setembro de 1995. Trabalharam e trabalham em Cametá, além de Pe. José Geraldo (atual pároco), os padres Manoel Crispim (1995 e 1996), Nêmio de Oliveira (1997 a 1998), Sílvio Teixeira (2000), José Maria (este reitor do Seminário Menor), além de Pe. Geraldo Paridaen- CM.
3.4 - ORGANIZAÇÃO PASTORAL
A Paróquia São João Batista conta com 64 Conidades Cristãs (CCs/CEBs) e 07 Grupos Comunitários espalhados pelas ilhas, beiras dos rios, vilas, estradas e do Município de Cametá, atingindo uma população de aproximadamente 100 mil pessoas. Parte do município de Cametá é atendida pela Paróquia Imaculada Conceição de Mocajuba. Mas a Paróquia de São João atende parte do município de Oieras do Pará.
Para facilitar no trabalho pastoral, a Paróquia é organizada em 4 Áreas Pastorais, obedecendo a critérios geográficos, a saber:
1) Área Pastoral Dom José Elias (cidade - 10 CCs e 03 GCs);
2) Área Pastoral Pe. Favacho (Cametá Baixo - 16 CCs);
3) Área Pastoral São Pedro (Cametá Cima - 26 CCs e 03 GCs);
4) Área Pastoral N. Sra. da Conceição Aparecida (BR-422 (TransCametá-Limoeiro) e Baixo Cupijó - 12 CCs e 01 grupo).
Há o Conselho Pastoral Paroquial - CPP com os representantes destas Áreas e pastorais para encaminhar os assuntos relacionados à Paróquia, e os Conselhos de Área- CPA para decidir as questões da Área. Normalmente, além do pároco, cada Área é acompanhada por um dos padres que atuam na Paróquia. Na organização pastoral, há também o Conselho Administrativo.
Há diversas pastorais organizadas na Paróquia São João Batista como a catequese, PJ, pastoral da criança, pastoral dos sacramentos, pastoral do dízimo, pastoral familiar. Cada pastoral tem a sua coordenação. Como destaque dos últimos anos, cita-se a criação da Pastoral do Dízimo em 1997 que é responsável pela manutenção da Paróquia atualmente. Há também o Apostolado da Oração, com mais de 100 anos de fundação.
O ministério de animador das Comunidades, dentro de uma nova modalidade, continua sendo uma força na animação pastoral. Do mesmo modo, a partir de 1995 foi organizado o ministério extraordinário da Eucaristia tanto nas comunidades da cidade como no interior.
Foi realizada em 1998 as Santas Missões Populares. As SMP trouxeram um novo vigor para o povo e ânimo para as Comunidades, contribuindo imensamente com o surgimento de novas lideranças, fortalecimento das pastorais etc. É como fruto das SMP, pode-se citar o nascimento da Infância Missionária na Paróquia de São João Batista. Trata-se de uma Obra Pontifícia que traz um bem imenso com a organização das crianças em grupos e que tem como objetivo despertar a missionariedade nas crianças. Com o lema- criança evangeliza criança, as crianças vão se sentido também responsáveis pela caminhada da Igreja.
O Pároco atual da PSJB é o Pe. Raimundo Nonato Rodrigues Martins.
CONCLUSÃO
Conhecer a história é de grande importância para todos. A história serve para iluminar o presente e aponta para o futuro. Este pequeno texto é fruto de conversas, testemunhos, contribuições de pessoas que conhecem a história, anotações diversas, pesquisa no livro de tombo da Paróquia etc. Por certo, o texto ajudará a todos a conhecerem uma parte da caminhada da Igreja em Cametá, mas contribuirá também para pensar a Igreja nesta primeira década do milênio.
A Paróquia São João Batista sempre caminhou em sintonia com a Prelazia de Cametá e se empenha para ser uma Igreja participativa, ministerial, acolhedora e missionária, fiel à linha pastoral da Prelazia. Com a celebração do quadragésimo aniversário das CC's no ano de 2009, surgem novas perspectivas para a caminhada, na esperança de novas conquistas e sonhos.
Fonte: Prelazia de Cametá do Tocantins e Paróquia São João Batista.